Comunidades e Voluntariado Presencial

Comunidades: reuniões presenciaisCom o aparecimento de páginas de internet de eventos comunitários como o Eventbrite e Meetup possibilitou um aumento de comunidades gratuitas ligadas a startup, informática, promoções e outros.

Sou assistente assíduo de várias comunidades gratuitas sem fins lucrativos como IoT Portugal, NetPonto, O365PT, PTJug, SQLPort, e outros. Também faço voluntariado em algumas comunidade como o SQL Saturday Lisboa e Porto.

Já convidei várias pessoas a assistirem a estas comunidades porque não tem nenhum custo, é totalmente gratuito e a reação positiva é de 95%. As pessoas mostram interesse mas quando falo no horário que é normalmente em pós-laboral ou aos sábados de manhã a reação positiva muda para média de 25% e os motivos são vários “Não tenho tempo.”, “Não me vou levantar cedo só para ir a um evento.”, “Não tenho mais nada que fazer do que ir a eventos a essa hora.”. Quando falo em voluntariado, a reação positiva é quase nula. Já me disseram na cara que “devia ser pago só por estar a ajudar” e neste tipo de situações já não tento explicar o significado da palavra “voluntário” devido a discussões sobre este tema.

Foi exatamente por isto que resolvi escrever este artigo baseado apenas na minha experiência.

Muitas das pessoas com quem falei têm uma ideia errada das comunidades ou eventos nacionais ligados a informática, sejam eles do tema que forem. A primeira ideia é que estão perante uma apresentação de produtos em que levamos uma injeção da apresentação de um produto ou serviço e pode existir ou não um intervalo e por fim mais umas horas com outra injeção de como o produto ou serviço é melhor que a concorrência e devíamos comprar porque nos é oferecido uma promoção ou um brinde. Não os censuro porque eu também vou a este tipo de apresentações e quando pensei ir pela primeira vez a um evento de comunidade pensei que iria ser a mesma coisa. Mas realmente não o é.

Um evento de comunidade não é apenas para ouvir uma ou várias pessoas a falar sobre um tema ou para comer gratuitamente. É um local de autêntica aprendizagem. Quando conheci a SQLPort a comunidade Portuguesa de SQL Server pensei que não valia a pena perder o meu tempo e a deslocação até porque iria ouvir falar de temas que já tinha visto na internet e que era uma perda de tempo: enganei-me a 100%. Fui ver duas sessões e senti-me um insignificante, ouvi falar de temas que já tinha ouvido mas não a um nível profissional e prático incluindo casos de situações reais críticas que aconteceram e o que devemos fazer para não nos acontecer a nós. Mas não foi apenas isso, conheci também profissionais portugueses que não são apenas administradores de bases de dados (DBA) encontrei programadores e gestores de informática ou seja, não é exclusivo aos DBA. O mesmo aconteceu na NetPonto onde já tive uma conversa com um contabilista que tinha as suas próprias ideias em como melhorar o seu sistema contabilístico. Devido às comunidades conheço grandes profissionais fiquei com os seus contactos e se tiver alguma dúvida posso perguntar-lhes ou à própria comunidade.

Com a minha experiência de voluntariado no SQL Saturday em Lisboa e Porto conheci grandes profissionais estrangeiros sem ter que sair do país, tive longas conversas com eles e não foram apenas sobre tecnologia. Não foi uma perda de tempo, diverti-me, adorei e isto tem um valor incalculável e impagável, quer a nível profissional quer a nível pessoal.

Uma das coisas que são toleradas são as questões e dúvidas estúpidas, porque não há questões ou dúvidas estúpidas pode existir mais que uma pessoa com a mesma dúvida e é o local apropriado para as tirar e com isto perder alguma timidez.

As comunidades são também um local de propostas de emprego e de criação e startups e sim, por acaso já recebi uma proposta de emprego.

Como podem constatar as comunidades não são um ponto de encontro de vendas. São um local de aprendizagem, de conhecimento de novas pessoas, de troca de contactos profissionais, um autêntico local de socialização e divertimento e isso é referido no início de todas as apresentações da NetPonto.

Não estou a dizer que as comunidades presenciais sejam melhores que as comunidades ou fóruns eletrónicos ou vice-versa. Os dois possibilitam uma enorme fonte de aprendizagem e convívio mas podemos fugir do mundo virtual para o mundo real. Um autêntico caso de sucesso no mundo eletrónico é a comunidade Portugal-a-Programar que não é apenas a maior comunidade portuguesa de programação mas é também uma revista eletrónica totalmente gratuita e sem fins lucrativos.

Quero alertar para que nem todos os eventos são gratuitos. Alguns eventos são pagos por isso antes de se inscrever confirme se é uma comunidade ou um evento pago.

Podem estar a perguntar porque que uma comunidade gratuita promove eventos pagos. Será para encher o bolso deles à nossa custa? Não, o dinheiro angariado possibilita a comunidade de continuar a oferecer os seus eventos gratuitamente. Uma comunidade precisa de um local e às vezes de pausa para café quando consegue patrocinadores para ambas é fabuloso mas quando não conseguem um patrocinador para o local ou para pausa para café é a própria organização que tem de pagar e se fizermos as contas a um evento por mês anualmente sem esse patrocínio é um investimento que pode matar uma comunidade.

Fica aqui o meu convite para que experimentem ir a uma comunidade da vossa área ou da vossa curiosidade não se acanhem e divirtam-se! É totalmente gratuito não pagam nada para entrar nem é solicitado qualquer jóia de sócio. As comunidades precisam de nós não só para assistir mas também para fazer apresentações.

Algumas das comunidades fazem um sorteio de brindes no final do evento eu já ganhei autocolantes para portátil, t-shirts e licenças de software. E quem sabe podem ir para casa com um brinde?!?!

Boa sorte para todos os que querem experimentar.

Publicado na edição 52 (PDF) da Revista PROGRAMAR.