Aconteceu. O ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers) distribuiu o último bloco de endereços IPV4 pelos 5 RIRs (Regional Internet Registries). Ou seja após esses endereços serem atribuídos aos ISP, poderá estar em causa a aceitação de novos clientes por parte dos ISP e não haverá no IPV4 mais lugar a expansão. Ou haverá? O facto é que a norma IPV6 já está preparada (foi descrito como um standard da Internet num documento publicado em Dezembro de 2008), e já em Agosto de 2008, na edição #15 da Revista PROGRAMAR, foi publicado um artigo que falava um pouco sobre esta nova norma. Contudo a verdade é que parece não existir uma vontade comercial muito grande para adoptar esta nova norma, porque é financeiramente desagradável, uma vez que é necessário aos ISP fazerem a actualização do seu hardware de rede, aos programadores actualizarem as suas aplicações…
No dia 8 de Junho, algumas empresas do sector da Internet e não só disponibilizarão durante 24 horas os seus serviços em IPV6, para o utilizador testar os seus serviços com esta nova norma e para pressionar um pouco os ISP a fazerem a migração. Pode testar a sua ligação neste site: http://test-ipv6.com/
Nos EUA existem já soluções que tentam contornar este problema, sem no entanto ser necessário passar a usar o IPV6. Tecnicamente dois ou mais clientes de um ISP estarão numa rede mais pequena (possivelmente ligados pela central mais próxima), e existirá um router, e esse sim terá o verdadeiro endereço IP da internet, enquanto os PCs dos clientes têm apenas endereços de redes internas. Na prática dois ou mais clientes podem ter o mesmo IP ao mesmo tempo (algo idêntico ao que acontece nos hotspots). Mas não será isto simplesmente um remedeio? O ser humano tem tendências para rejeitar mudanças, prolongando até ao limite em que já não pode adiar mais essa mudança.
Um estudo mundial recente mostra que uma grande parte dos jovens dos denominados países desenvolvidos está dependente de dispositivos com acesso à Internet, sofrendo sintomas de abstinência comuns quando estão afastados muito tempo desses dispositivos. Traduzindo não podem viver sem a Internet. Mas e se os ISP não derem “o salto” para que a Internet continue a existir como a conhecemos? E se os programadores não adaptarem as suas aplicações a este salto? Poderá isto matar a Internet, pelo facto de o utilizador deixar de confiar nela?
António Silva