Quando se fala em pesquisa decerto todos reconhecem o nome Google quase ao ponto de sinónimo, não apenas de pesquisa, mas mais importante que isso, de pesquisa com sucesso. Ao longo dos anos o Google tem sabido manter-se na ribalta do acesso ao conhecimento em todo o mundo, enveredando por outros projectos mas dando sempre a devida atenção à inovação (que os marcou desde o inicio) no seu produto principal. Menos conhecido, menos acedido e utilizado em terras lusas, mas igualmente popular a nível mundial encontra-se o Digg, representando o conceito de website social relativo a notícias. O conceito é trivial mas a ideia inovadora para a altura: notícias são submetidas por utilizadores sendo promovidas por votos positivos destes.
O que têm em comum estes dois gigantes do seu ramo? Bem, nos últimos dias (segunda semana de Julho) foi reportada pelo Tech Cruch uma nova “feature” do Google que parece agregar o conceito do Digg às pesquisas de utilizadores, ou seja, cada um tem a possibilidade de enviar um resultado do Google para os confins da numeração de páginas, ou trazer outro para o topo. Além disso há a possibilidade de comentar os websites e os seus respectivos comentários, com um sistema de pontuação bastante semelhante ao do Digg. Com isto qualquer um poderá pôr o resultado que realmente lhe interessa como primeiro a ser retornado pelo Google para aquelas keywords, o que é algo que faz bastante sentido. A maneira como esta componente social influenciará num todo no futuro os resultados do Google será algo interessante de analisar.
Posto isto algo desde logo salta à vista: tudo o que antes recebíamos como passivo está a evoluir para algo activo. O tempo em que o utilizador não tinha nada a dizer na informação que recebia acabou. Já ninguém quer receber passivamente informação sem ter voto na matéria, os utilizadores querem a escolha e a decisão. E tudo isto faz sentido. Toda a Internet já percebeu isso, mas seria interessante que não só este meio virtual aderisse a este estilo.
A televisão começa a ser menosprezada pela Internet, onde cada um vê o que quer às horas que quer e a televisão não ganhará de novo a batalha se não se converter ao mesmo género. As mais recentes tentativas na área da televisão em Portugal são boas, mas ainda não representam o estado real em que os utilizadores se encontram. A verdadeira televisão do futuro pode mostrar ao utilizador sempre que ele queira um programa da semana passada, instantaneamente e sem a construção de enfadonhos planos de gravação agendada. A própria rádio usual já não faz sentido. Decerto utilizadores da Internet habituados a ouvirem apenas o que gostam em rádios de serviços como o Last.fm deverão já achar ridículo alguém se submeter a ouvir algo que pode muito bem não corresponder em nada aos seus gostos. Seria importante que muita gente olhasse para a web e começasse a aplicar o que lá vê às mais pequenas coisas da nossa sociedade, a nossa maneira de receber e lidar com a informação seria bem melhor.
Veremos o que o futuro nos reserva…
Miguel Pais
- Referência: http://www.techcrunch.com/2008/07/16/is-this-the-future-of-search/
- Uma nota para a mudança dos meses de publicação da revista, estes são agora os meses pares. Esperamos que a decisão não tenha prejudicado ninguém e que continuem a confiar neste projecto.