O tema da escolha da universidade é um tópico sazonal e recorrente no P@P, dando aso a vários tópicos e, como é natural, a opiniões opostas.
Sendo um participante assíduo dessas discussões, e estando na altura de pensar de forma clara e séria qual a universidade a escolher, vou partilhar aqui a minha opinião como profissional e empregador na área das Tecnologias de Informação (TI).
Mas antes, comecemos pelo senso comum. Parece-me pacífico que um candidato escolha de determinada instituição por vários parâmetros, sendo um deles o da preparação para o mercado de trabalho. Diz-nos o bom senso que optando por uma instituição que é reconhecida como boa pelo mercado de trabalho, a presença de um curso superior no Curriculum Vitae (CV) de um candidato é um bom cartão de visita para ser chamado para uma entrevista.
Quem não tem experiência profissional foca de forma quase exclusiva todos os créditos que tem para apresentar a um empregador no seu percurso académico. Neste ponto, o nome da instituição que consta no CV do candidato é um bom cartão de visita e funciona como primeiro filtro. Este primeiro filtro é normalmente usado para fazer duas pilhas de CV, separando os candidatos cujo CV vamos ler com atenção dos candidatos que ficam eliminados logo na primeira ronda. Para os que estão “chocados” ou “revoltados” com esta abordagem crua e até, de certa forma, cruel, tenho apenas a dizer que da mesma forma que eu uso a instituição como primeiro filtro, também as empresas de recursos humanos (RH) o fazem. E não somos os únicos. Este tipo de abordagem é normal para as empresas que operam nesta área.
Há alguns dias atrás (re)confirmei esta situação numa reunião com uma empresa de RH no âmbito do recrutamento de um consultor. Nesta altura muitos de vós estão a pensar que isto não é verdade porque têm conhecimento de pessoas que foram a entrevistas e cuja instituição onde se licenciaram não é um dos pesos fortes no mercado. Acontece que essa situação não é um contra-exemplo do que se passa. As empresas de RH vivem da colocação de pessoas em empresas, pelo que é do seu interesse entrevistas todas as pessoas e tentar colocá-las numa empresa, esse é o seu negócio. Há empresas, e actividades, onde a formação de base não requer uma preparação tão exigente, fazendo com que esses candidatos sejam boas escolhas, ficando contentes as três partes envolvidas.
Uma vez passado o choque, voltemos ao essencial: quando enviam um CV em que pilha é que querem que o mesmo seja colocado? A resposta a esta pergunta começa muitos anos antes da larga maioria das pessoas escrever o seu primeiro CV, começa quando colocam o X no quadrado certo, no quadrado que vos vai permitir ser reconhecidos pelo mercado como estando, à partida, mais bem preparados. A verdade é que o mercado sabe muito bem quem são as instituições que melhor preparam as pessoas para a vida profissional, e tipicamente isso é valorizado. Para os que se lembram do tempo da bolha, nessa altura quase qualquer um podia ingressar e fazer uma carreira em TI, tal era a necessidade de recursos que as empresas, em particular as consultoras, tinham. Mas esses tempos já lá vão, e num mercado cada vez mais difícil e num país com uma taxa de desemprego tão elevada, todos os argumentos são precisos, e um carimbo de uma instituição reconhecida pelo mercado tem bastante peso.
Nesta altura alguns já se estão a questionar sobre os que não têm curso superior. Para todos os que não têm curso superior e querem ingressar nesta vida, as dificuldades são acrescidas. No entanto há outras formas de começar. No que toca à parte técnica e tecnológica é fácil encontrar informação e estudar por si mesmo ou tirar cursos ou mesmo certificações. No entanto não se devem ter ilusões, mesmo assim será mais difícil iniciar uma carreira em TI. É que ao contrário do que muitos jovens pensam, numa licenciatura de informática não se ensina a programar. Os conhecimentos adquiridos ao longo do curso são muitos e variados, alguns até são de utilidade duvidosa, mas são valiosos. Essencialmente uma licenciatura ensina a pensar, a analisar, ensina a descobrir soluções e alarga os horizontes dos estudantes, fazendo com que estes tenham contacto com imensas coisas novas e diferentes. Numa comparação directa, não é de estranhar que quem saia de uma universidade reconhecida pelo mercado tenha mais facilidade de encontrar um bom emprego e de fazer carreira em TI.
Se após toda a minha argumentação não estão convencidos, então guiem-se pelo vosso bom senso. Esse, aposto que vos diz para colocarem os X nos quadrados certos quando preenchem o formulário de candidatura ao ensino superior.