Tudo nasce na ideia. É dela que o projecto surge, é sobre ela que o produto é concebido e no final testado. A ideia move a inovação e a tecnologia, mas existe uma entidade sem a qual todo e qualquer pensamento inovador morre por si, pois é dela dependente: o utilizador. Qualquer pedaço de software, site web ou qualquer outro produto é feito para ser usado por alguém, tem em vista ultimamente satisfazer a falha naquela necessidade específica do utilizador e é esse desejo que move quem concebeu o produto, ou deveria. Como reagir se a maneira como concebemos o nosso produto acaba por ser tida como não a melhor, como a que não resolve da melhor maneira as necessidades que deveríamos cobrir?
Fui informado há uns dias que o famoso cliente de instant messaging Pidgin (antigo Gaim) havia levado um duro golpe moral. Culpados de não cobrir as necessidades dos utilizadores ou as suas reivindicações, developers externos ao projecto Pidgin decidiram criar um fork deste, denominado FunPidgin, numa tentativa de apresentar um produto que realmente cobriria as necessidades especificas necessárias ou a criar num sistema de mensagens instantâneas. Tentado responder à pergunta que finalizou o primeiro parágrafo, e pelo que me foi dado a entender por uma mensagem escrita por um developer do Pidgin no blog oficial, a equipa desculpou-se tentando provar que de facto ouvia os utilizadores, no entanto, pouco mais que isto poderiam fazer, pois o Pidgin está sob licença GNU GPL que permite que isto mesmo seja feito.
Não me cabe, nem interessa, analisar se o que aconteceu foi merecido ou injusto, mas apenas constatar um facto: quem ganhou com tudo isto? Quem tem neste momento a possibilidade de escolher entre dois produtos semelhantes em que um deles se tentou aproximar ainda mais das necessidades requeridas? A resposta está no utilizador, a base do projecto que por vezes é esquecida e posta de parte, quando tudo começou nesta.
Quão maravilhoso é poder ter um sistema em que quem ganha, acima de tudo o resto, é o utilizador, pela competição cobrindo necessidades, pela cooperação melhorando-se cada vez mais, sem impedimentos ou restrições? Este é de facto um poder demasiadamente grande para ser partilhado embora esteja por aí para todos os que o queiram adoptar, visto de soslaio pelas alternativas que na mesma rua deste circulam. É o poder do software livre.
Miguel Pais