Programadores que não sabem programar?

Enquanto lia alguns dos tópicos mais populares do ano no que toca à programação na popular comunidade Digg (www.digg.com), deparei- me com um artigo intitulado “Why Can’t Programmers… program!”, em que se referia que na maior parte das entrevistas de emprego a programadores precedidas de recolha de currículos, a maior parte dos entrevistados não superava algumas das mais básicas tarefas solvidas com recurso a uma linguagem de programação, da ordem das que alguém que começou a programar há dias tenta fazer.

Pode-se argumentar que bons programadores são desde logo assediados pelas empresas enquanto tiram os seus cursos, não precisando deste género de entrevistas, mas mesmo os que não conseguem tal sorte, não me parece, pelo menos em Portugal, que falhassem em questões básicas sobre programação, como no exemplo dado no artigo original: pedir ao programador que faça um output de todos os números de 1 a 100, excepto os múltiplos de 3, que seriam imprimidos como “Fizz” e os de 5 que seriam “Buzz” (os múltiplos de ambos como “FizzBuzz”).

Ou há algo de errado no mundo, ou há algo de errado nesta profissão. Será que com a divulgação dos mais diversos tutoriais e snippets na web com a característica comum de quererem dar a solução em vez de explicar como se chega a tal, a profissão de programador começa a ter, dentro de si, uma larga percentagem de indivíduos que, na mais fiel das denominações, seriam intitulados programadores do “desenrasque”? Mas mais surpreendente do que haver tal percentagem é de facto ter programadores dessa ordem empregados. Terá a programação já se especializado assim tanto que nem a reprovação na concepção do mais básico algoritmo seja indicador de mau programador? Será preocupante se sim, pois teremos muitos dos nossos serviços do dia a dia mantidos e assegurados por programadores que numa possível situação inesperada não saberão tomar as medidas adequadas para resolver o problema.

No entanto, o mundo emprega-os…

Miguel Pais